Filhos y Netos
By camuccelli
Depois de uma noite morna, há o depois. É no depois que mora a ilusão de sermos algo duradouro. E há a inércia do contadito na efervescência da situação do supor. E nós, seres irrelevantes achamos que somos de algum valor. E nessa hora que tia Cila pensa nos animais e no que é real na transmissão do verdadeiro amor.
Ela descacava as batatas para o purê, já que o Peru marinava em cima do mármore da pia. Liú descacava e ajeitava as frutas. O celular em cima da mesa da sala toca. Tia Cila limpa as mãos e sai correndo para atender. Era chamada de vídeo:---- Há meu amor,é você? E o papai tá aí?....que legal! O meu presente já chegou né?... não precisa agradecer. Só espero que tenha gostado....sabe que não podemos. A vovó não pode ir aí. --- A voz embarga e ela diz:----- Fala da festa,A ceia.... que maravilha! Aí quando acordou tava lá na árvore....eu também,isso só é possível no ano que vem.... vou;vou sim. Fala mais da festa.... tô,tô fazendo. Só eu e a minha colaboradora...eu sei amor. Você, a mamãe e o pai.---Novamente a voz quase falta. Ela pega o avental e seca os olhos---.... não amor, é que eu estava cortando cebola. Os olhos ficam ardendo....pode sim,pode ir. A vovó tá bem viu!....beijos, e no papai,na mamãe também. Desliga o celular, senta no sofá depois de um breve suspiro. Se levanta secando os olhos e volta para a cozinha.
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