Pular para o conteúdo principal

Morilongos

                        Murilongos 

É a mistura de muriçoca com pernilongos.

                         By Camuccelli

      Com atraso de meio dia, ânimos agitados, nervos a flor da pele, gritaria e socos nas cadeiras tomavam conta do lugar. Na praça, milhares de olhos atentos não se desgudravam  mdo telão erguido no meio da multidão. Camelôs arnara barracas,haviam  carrinhos para vender alimentos. A imagem aparece no telão, aplausos, gritos e empurrões para chegar mais perto.
        Dentro do salão, o presidente testava o microfone. Aí o pernilongo que aguardava no canto, foi chamado para dar início ao ato:--- Vou direto ao ponto----Disse ele-- Desculpem se houve atraso, é como em casamentos, faz parte. Estou aqui para dizer que é insuportável a situação em que vivemos. Inquietante e degradante. Não podemos conviver mais com isso. Passou de todos os limites. Não há quem suporte. Há de haver um jeito, um estudo. Temos que acabar com essa afronta e não só eu quem diz. Todas as famílias têm o mesmo motivo e todos querem a mesma coisa. Expulsão ou extinção. Não dá mais. Assim não podemos continuar. Ora senhor presidente e colegas, o sujeito nasce lá do outro lado do mundo em uma cidadezinha de nada, nasce do descuido, conquista o mundo  e vem roubar o trabalho árduo de todos. Não, a gente não aceita mais isso. Quem fala de nós? Que mídia notícia o nosso ascender? Nos colocaram no ostracismo, varreram -nos para o buraco do cano. Esse vírus  roubou de nós  a dignidade, o trabalho e a ascensão. Quem fala da gente? Alguém ouviu nesses messes--quase ano--- falar da dengue? Da malária? Da Zica? Não  irmãos, só se ouve falar dele. Corona---- Houve um estardalhaço de repúdio, de indignação. O presidente bate o martelo na mesa e grita. Houve silêncio e o pernilongo continuou:---- Dizem que para expulsa-lo, é preciso vacinar o sujeito. Aí eu penso. Será que voltará  para nós a atenção deles? Porque agora ninguém vê o trabalho que fazemos. Nós não paramos,. Não é justo um estrangeiro comer o nosso mingau sem suar. Está  levando milhares e sem esforço algum. Você aí meu irmão, faz um esforço enorme pra infectar dois ou três,  enquanto ele  infecta um, e esse um passa para muitos, e é fatal. Algo precisa ser feito. Precisamos voltar a ter notoriedade, ser aclamados. Chega de ostracismo, de ingratidão.  Queremos visibilidade, sermos  divulgados com o devido valor. É  isso irmãos --- O presidente olha para ele e diz:--- E há a tal da vacina?--- Ainda não senhor:-'---Então, reunião encerrada.









Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PARTE II

www.amazon.com.br?tag=httpcamucellb-20&placement=home_multi.gif&site=amazon">

Deuses Do Anoitecer

AS Falésias     Todos os montes cobertos pela escuridão. Não se via um palmo a diante. As águas lambiam as vigas que sustentavam o cais. A escuridão engolia tudo em sua volta. De vez enquanto pirilampos piscavam clareando ao redor,as luzes azuis iluminavam uma boa parte, dava para ver peixes pulando fora d'água. Lá no horizonte, uma luzinha aumentava e aumentava, até que um barco veio se aproximando, aproximando e encostou no cais. Ancorou-se ao primeiro degrau da escada de madeira. Um homem desceu, amarrou-o a um mastro e subiu os degraus com uma maleta nas mãos. Caminhou pelo corredor com a lanterna iluminando por onde passava.       A porta estava entre aberta, ele desligou a lanterna, empurrou-a e entrou. Uma lamparina num canto da sala, a sua chama ia sendo movida pelo o vento iluminando o que se podia ver: — Achei que ia me deixar beber sozinho. — Disse Eli com a garrafa e dois copos4 na mão. ---O homem se sentou e não respondeu. Eli colocou o líquido nos copos e be